A realidade do nível mais baixo
Tadeusz Kantor (1915-1990), um artista de happenings, esculturas, desenhos e teatro, publicou inúmeros manifestos poéticos que se tornaram, por sua vez, outras criações. Não são espelhamentos ou identidades entre textos e performances, e sim um jogo de afecções mútuas. Tomemos uma definição do próprio Kantor para seu teatro: a realidade do nível mais baixo. Uma expressão emblemática de sua arte, que pode ser mais bem compreendida a partir de três questões:
a) a crítica da ilusão teatral (e do teatro-representação);
b) a arte moderna, a abstração e o desaparecimento do objeto e da figura humana;
c) a crítica de Gordon Graig, um dos renovadores do teatro, que considerava inferior a arte do ator vigente na sua época, por estar presa à emotividade. Diferente de outras artes (música, artes plásticas), a matéria da interpretação teatral consistiria na própria existência pessoal do artista, sujeita ao movimento das paixões e, portanto, sem as definições ascendentes da beleza que se igualaria à precisão. Na sua visão, o ator deveria ser uma supermarionete.
Kantor responderá a esse contexto justamente com a realidade do nível mais baixo. Vejamos: