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A cena site-specific: uma definição por Mike Pearson e McLucas

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Brith Gof : Haearn – Imagem: .http://www.culturecolony.com/artlogs?p=2690

 

Mike Pearson é um artista e pesquisador de teatro físico e performance site-specific, autor de vários livros sobre o tema. Entre outras parcerias, fundou com Lis Hughes a Brith Golf em Aberystwyt (Reino Unido), em 1981 e que durou até 1997. Ele desenvolveu pesquisas com Michael Shanks sobre teatro e arqueologia, e com o teórico e artista visual, Cliff McLucas. A companhia trabalhava com criações híbridas, envolvendo música, cenografia, texto e ação física. Eles se concentravam especialmente em espaços encontrados, fora dos circuitos tradicionais de exibição artística.

Mike Pearson, no livro Theatre/Archaelogy, em co-autoria com Michael Shanks, diz que

“Embora o percurso possa envolver o estudo do acontecimento estético a partir da convenção teatral  (mais como um encontro social e como um modo de produção cultural do que simplesmente a encenação de uma peça de teatro), afirmamos nosso interesse explícito em processos colaborativos, teatro físico, criação site-specific e arte da performance – todos aqueles gêneros em que a literatura dramática não possui necessariamente um papel central e estruturante.”

E ele explica que o objetivo da pesquisa, com seus parceiros, é o de “desenvolver uma série de ‘princípios práticos’ – abordagens para concepção, design, ensaio e manifestação, um contínuo de estratégias e procedimentos que se voltam, com variados graus de rigor, para as questões de representação e presentificação em real-time.”

A seguir, reproduzo uma citação que se tornou emblemática sobre a performance site-specific, de autoria de Mike Pearson e Cliff MacLucas, e que  foi tirada do livro Theatre/Archaeology, com autoria de Pearson e Michael Shanks.

“Performances site-specific são concernidas, montadas com e condicionadas pelas particularidades de espaços encontrados, situações sociais existentes ou locações, sejam em uso ou desuso: locais de trabalho, lazer e culto: feira de gado, capela, fábrica, catedral, estação ferroviária. Elas dependem, para sua concepção e interpretação, mediante uma existência complexa,  de uma série de narrativas e arquiteturas históricas e contemporâneas, superpostas e interpenetradas, em duas ordens básicas: o que é do site, suas instalações e equipamentos e aquilo que é trazido para o local, que é a performance e sua cenografia: do que preexiste à obra e do que é parte da obra: do passado e do presente.

Elas são inseparáveis de seus sites, os únicos contexto nos quais se tornam inteligíveis. A performance recontextualiza esses sites: é a última ocupação de um lugar em que outras ocupações – seus vestígios materiais e histórias – ainda são evidentes: o site não é apenas um mural interessante e ao mesmo tempo desinteressado.

Tal performance, em seus temas e meios de se expor, não é necessariamente congruente com o seu site, assim como uma batalha do século VI pode ocorrer em uma fábrica de automóveis. São narrativas que se interpenetram e disputam entre si para criar significados. Os múltiplos significados e leituras de performance e lugar se misturam, alterando comprometendo tanto um quanto o outro.”

Mike Pearson, desde 1997, desenvolve uma parceria com Mike Brokes, intitulada Pearson/Brokes. Segundo o jornal britânico, The Guardian, Pearson/Broques “trazem para a vida ideais que são parte oriundos da performance, parte do teatro, parte da land art, parte do acontecimento multimédia e parte não categorizável.”

Referências –

PEARSON, Mike. Site-specific performance. London/New York: Palgrave  and Macmillan, 2010.

PEARSON, Mike and SHANKS, Michael. Theatre/Archaeology. London: Routledge, 2001

PEARSON/BROKES  –

Por Luiz Carlos Garrocho

Professor, pesquisador, diretor de teatro e filósofo.

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